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sexta-feira, 27 de março de 2015

QUANDO OS ASSASSINOS DE AUSCHWITZ PRESTARAM CONTAS COM A JUSTIÇA





A ATMOSFERA NA SALA DO FÓRUM DE FRANKFURT ERA DE APREENSÃO. A 50 ANOS ATRÁS CENTENAS DE SOBREVIVENTES ESTAVAM FRENTE A FRENTE COM SEUS TORTURADORES NO PRIMEIRO PROCESSO DE AUSCHWITZ.

Era as lembranças do terror que surgia outra vez na sala do fórum de Frankfurt nos anos 60.
" por dia eram miles de miles de pessoas , que eram asfixiadas na câmera de gás. Os crematórios não davam conta de tantos cadáveres. Cavavam covas para queimar os corpos que não cabiam mais nos crematórios. O fogo ardia dia e noite. Pela noite o céu era vermelho, por causa do fogo." Relatou o médico Otto Wolken, ele foi um dos 221 sobreviventes que se pronunciaram no primeiro processo de Auschwitz. Foi um processo de Mamutes, foi o maior processo da República federal Alemã pós guerra; 22 homens que prestaram serviço em Auschwitz, foram colocados contra a parede a partir do dia 23 de Dezembro de 1963: contra eles , genocidio, tortura, culpa individual e também uma falha dos alemães que foi esquecida por 20 anos.




O processo começou por causa de uma controversa testemunha : Adolf Rögner, era um ex capataz de Auschwitz que já estava na prisão, por fraudes. Em uma carta escrita Março de 1958 a um procurador ele falava de um certo Wilhelm Boger, com endereço fixo na cidade de Stuttgart , o qual seria o responsável de ter começado com os terríveis crimes de Auschwitz, dentre eles os homicídio em massa, as selecções, torturas e chantagens. A princípio, as autoridades reagiram com desconfiança. Somente meses depois o ex integrante da SS foi levado a prisão. 




Mais tarde o procurar geral de Frankfurt , Fritz Bauer, recebia documentos de Auschwitz. Bauer era filho de judeus, que haviam fugido dos nazistas e em 1950 tinha informado ao governo de Israel sobre o esconderijo do burocrata do holocausto Adolf Eichmann. A partir de agora o processo começa a ganhar forças. Ele se engaja, ao contrário dos seus colegas, por um servero castigo para os criminosos nazistas e espera um grande processo com um função pedagógica. Ele queria colocar os alemães de frente a um espelho para que eles se confrontassem com seu passado.

O trabalho para Bauer era gigantesco. Quase 5 anos as autoridades instauraram averiguações contra os criminosos. Eles examinaram mais de 16 mil páginas de dossie, lista de mortos, lista de pedidos de gases tóxicos e injecções letais, interrogou mais de 1300 testemunhas do mundo inteiro e seguiu os rastro dos ex assassinos. Nem todos poderam ser encontrados e julgados: o famigerado dr. Mengele, desapareceu e estabeleceu residência no Brasil, o principal acusado Richard Baer morreu ainda na prisão provisória. Quando finalmente em 20 de Dezembro começou o processo em Frankfurt, sentavam no banco dos réus 22 homens, que eram na maioria pequenos serventes da maquina de matar de Auschwitz: homens da Gespato, chefes de blocos como também médicos da SS. Assim como no processo de Eichmann em Israel, muitos observadores se admiravam da "normalidade " dos acusados. Eram simples homens de negócios, enfermeiros, empregados e agora com gravatas e paletós diante da justiça e com a cara dura, acompanhavam o andar do processo. " eles podem ser tio de qualquer alemão. " Escreveu o observador americano Arthur Miller que acompanhava o processo. 

Os réus não mostravam nenhum sinal de arrependimento. No lugar disso eles se negavam a falar ou alegavam não saber de nada. Assim dizia um dos adjuvantes, Robert Mulka: " eu pessoalmente nunca escutei falar em execuções lá no campo, nunca fui informado de nada e nem dei ordem de nada. Nunca escutei nem um tiro. " Da câmera de gás ele tinha escutado falar mas nunca visto. 

Nunca vi nada e nunca escutei nada. Esse tenor era usado por todos os acusados como defesa. Se houve homicídios e abusos aos prisioneiros isso era resultado da " Ordem e obediência ". Se você não obedecesse você seria levado a parede negra e ali mesmo você era executado. Essa era a argumentação dos acusados. Eles se colocavam como pessoas sem vontade própria e instrumentos dos regime nazista. " Eu não tinha opinião próprio. " Dizia o réu Hans Stark. "Nenhum de nós tinha opinião. Nosso pensamento nos foi tirado. Isso fazia outras pessoas por nós. Sem mais comentário." 

De acordo com os peritos nenhum dos homens da SS foram sentenciados a morte, pois não foram eles que deram as ordens de execução. Os guardas tinham pelo menos a opção de diminuir o sofrimento dos presos ou usar o poder sobre a vida e a morte que eles tinham.

Para as testemunhas que sobreviveram a Auschwitz, o processo era muito angustiante. Eles tinham que ver como os ex homens da SS lavavam suas mãos e com deferência eram saudados por alguns oficiais da justiça. 
Frequentemente os sobreviventes era colocados sobre pressão e o que eles diziam era sob suspeita. O juiz Hans Hofmeyer e a defesa, estavam interessados em fatos e dados que eles depois de 20 anos mal podiam mais se lembrar .

Muitas testemunhas ainda se tremiam de medo quando encontravam seus torturadores. " só em escutar o nome Kaduk, eu já tenho medo" . Se lembra um ex pressioneiro ao se referi ao comandante Oswald KAduk. "Ele sempre estava bêbado. Quando estava buscando bebidas , ele batia, estrangulava e atirava em prisioneiros. " Mais difícil ainda para as os sobreviventes era falar sobre seus traumas por primeira vez diante do público e ao mesmo serem desqualificado diante dos olhos da justiça .

Muitos alemães reagiram ambivalentes diante do processo. Os mais velhos falavam de cesta de sujeira , outros não se interesavam e não seguiram o processo. O tempo dos nazistas é para muitos "uma lembrança desagradável. " Pensa o historiador Devon O. Pensar. " Eles não queriam mais falar daquilo, queriam recomeçar e achavam que críticas não ajudariam em nada." 

Também para a justiça Alemã essa confrontação não foi fácil. Muitos juízes haviam trabalhado na época do nazistas e via esse processo de maneira escéptica. O livro de punições ainda era do ano 1871 e só reconhecia como castigo o ato de delitos e não a palavra genocídio. Desde 1960 homicídio podia prescrever, além disso para julgar réu por causa de morte, é necessário que seja provado não somente o ato mas também a intenção de matar. Isso não dava para apurar em quase nenhum dos casos. 

O dilema da justiça também se percebia quando o juiz principal Hans Hofmeyer, depois de 183 dias de audiências, centenas de relatos de testemunhas e uma visita dos juízes a Auschwitz em 19 de agosto de 1965, com a voz abafada anunciava o resultado do juízo. 
"O tribunal de juízes, não estava indicado para superar o passado." No final só levaram em conta os direitos penais dos acusados e não os morais e políticos.

E a pena se mostrou branda: somente 6 acusados foram penalizados com prisão perpétua, 11 con prisão limitada e três foram absolvidos. 

Mais da metade dos alemães se posicionaram em contra do julgamento, segundo uma pesquisa de 1965. Nós anos seguintes aconteceram poucos e pequenos processos. Nenhum julgado do processo de Auschwitz responderam a pena por completo, quase todos voltaram a liberdade outra vez. 

Matéria do site n-tv.de, traduzida por mim.

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